por Dr Paulo Rodrigues
Impotência Sexual é definida como a inabilidade de estabelecer uma ereção capaz de produzir uma relação sexual satisfatória, que permita uma penetração vaginal.
A recente evidência de que muitos casos de Impotência Sexual derivam do comprometimento da circulação arterial e venosa do pênis em pacientes com hipertensão arterial, níveis elevados de colesterol, triglicérides, ácido úrico ou glicemia (Diabete mellitus), mostram claramente que a Impotência Sexual em sua ampla maioria está relacionada à causas vasculares e não psicogênicas como anteriormente se pensava (Seftel AD et cols. The prevalence of hypertension, hyperlipidemia, Diabete mellitus and depression in men with erectile dysfunction. J Urol 171:2341, 2001).
Como normalmente a Impotência Sexual normalmente se correlaciona e se associa com doenças cárdio-vasculares; não surpreende que pacientes que a apresentem estejam sob maior risco de apresentarem infarto, derrame – AVC ou hipertensão arterial.
Esta afirmação ficou francamente comprovada no estudo populacional de Olmsted, no qual homens que se queixavam de Impotência Sexual com idades entre 40 e 49 anos apresentaram chance 50 X maior de terem infarto ou angina, quando comparados àqueles que não tinham as tais queixas de Impotência.
Surpreendentemente, observou-se que homens com mais de 70 anos com queixa de impotência, também tiveram risco de infarto aumentado, mas a proporção foi de somente 5X mais, demonstrando que a Impotência Sexual em homens jovens é mais séria, e explicita mais claramente o risco de morte, do que em homens mais velhos (Inman BA et cols. A population-based, longitudinal study of erectile dysfunction and future coronary artery disease. Mayo Clin Proc 84:108, 2009).
Pode-se assim, afirmar que a Impotência Sexual precede doenças coronarianas nos homens jovens e de meia-idade.
Uma das características básicas da Impotência Sexual de causa vasculogênica é sua instalação insidiosa e gradual.
Frequentemente, a queixa principal não é a incapacidade de atingir a ereção plena, mas a dificuldade em mantê-la, o que expressa a progressiva deterioração funcional do tecido cavernoso, responsável por reter o sangue nos interstícios do pênis.
No início do processo de Disfunção erétil, estas alterações se manifestam de maneira errática, com ereções boas intercaladas com ereções fugazes ou não-sustentadas. Mais à frente, as ereções matinais, tornam-se mais raras ou desaparecem por completo, revelando o processo claramente.
Nos casos do Diabete mellitus em particular, observa-se que pacientes que apresentam elevação da glicemia apresentam risco triplicado (3X) de desenvolveram Impotência Sexual, superando até mesmo o do tabagismo (1,7 X maior)(Saigal CS et cols. Predictors and prevalence of erectile dysfunction in a racially diverse population. Arch Intern Med 166:207, 2006).
A prevalência de Impotência Sexual em pacientes com Diabete mellitus varia enormente, mas pode-se afirmar francamente que quanto maior o descontrole do Diabete mellitus, maior será a probabilidade do paciente desenvolver a Impotência.
Uma avaliação com 611 homens diabéticos (idade de 35 a 70 anos) observou-se que 60% dos homens referiam algum grau de dificuldade de conseguir uma ereção
Chama a atenção, que pacientes com Diabete mellitus, mesmo aqueles com tipo 2, demonstraram significativa correlação entre o diagnóstico de Diabete mellitus e a chance de doença cardíaca grave, representado por infarto.
Num estudo com 291 homens com Diabete mellitus tipo 2, acompanhados por 47 meses, 61% daqueles com algum grau de Impotência Sexual apresentaram alguma complicação cardíaca, enquanto que aqueles sem queixa de Impotência somente 36% apresentaram complicações cardíacas (Gazzaruso C et cols. Erectile dysfunction as a predictor of cardiovascular events and death in diabetic patients with angiographically proven asymptomatic coronary artery disease: a potential protective role for statins and 5-phosphodiesterase inhibitors. J Am Coll Cardiol 51:2040, 2008).