por Dr. Paulo Rodrigues
A obesidade tem sido envolvida como elemento predisponente para incontinência urinária.
Acredita-se que o fato da pessoa ser obesa; promove tal aumento na quantidade de gordura no interior do abdômen, que nossos movimentos musculares diários, tais como andar, respirar, tossir, etc; aumentam a transmissão de pressão dentro do abdômen para a musculatura do assoalho pélvico.
Neste pormenor, observa-se que quanto maior o índice de massa corpórea – IMC; maior será a chance de haver perdas urinárias nas mulheres.
Se a sobrevida global das pessoas está aumentando, causando um maior envelhecimento das populações, também é certo que a obesidade tem aumentado dramaticamente.
Nos Estados Unidos, o aumento alarmante de pessoas obesas nas últimas 2 décadas saltou de 13.4% em 1960 para 30.5% em 2000 (Flegal KM et cols. Obesity trends in the US population from 1960 to 2000. BMI, body mass index. JAMA 288:1723, 2002).
Estima-se que sejam realizadas cerca de 140.000 cirurgias bariátricas/ano nos Estados Unidos.
Tratamentos cirúrgicos com cirurgia bariátrica para redução do peso promovem redução expressiva da quantidade de gordura intra-abdominal, que alivia as pressões intra-abdominais; diminuindo por consequência os episódios de perdas urinárias.
Num estudo com 100 mulheres obesas que realizaram a cirurgia bariátrica, as perdas urinárias eram queixa regular em 32% das mulheres, mas 1 ano após a cirurgia; somente 20% continuou referindo perdas urinárias (Whitcomb EL et cols. Impact of surgically induced weight loss on pelvic floor disorders. Int Urogynecol J. 23:1111, 2012).
Similarmente, outro estudo comparou o impacto da melhora das perdas urinárias em 2 grupos de mulheres, que se submeteram ao regime de mudança de estilo de vida, com aquelas que não sofreram intervenção (controle). Observou-se que houve apenas pequena ou moderada diminuição na quantidade de urina perdida no grupo que mudou seu estilo de vida, comendo de maneira mais saudável e praticando exercícios com regularidade, que promoveu perda de peso. Entretanto, ainda que cerca de 27% das mulheres tenha apresentado melhora, pouquíssimas mulheres ficaram totalmente secas (Wing RR et cols Effect of weight loss on urinary incontinence in overweight and obese women: results at 12 and 18 months. J Urol. 2012).
Infelizmente, embora a perda de apenas 10% do peso possa promover melhora apreciável na frequência das perdas urinárias, muitas destas mulheres voltam a apresentar ganho de peso, após aderirem a um programa de emagrecimento; e somente 37% mantêm a perda de peso conquistada, após 1 ano da mudança de hábitos alimentares e estilo de vida (Look AHEAD Research Group. Reduction in weight and cardiovascular disease risk factors in individuals with type 2 diabetes: one-year results of the look AHEAD trial. Diabetes Care 30:1374, 2007)