Próteses Penianas

Impotência Sexual – Disfunção Erétil.

por Dr. Paulo Rodrigues.

A prótese peniana é um recurso para tratar homens com disfunções eréteis, que não são responsivas ao tratamento medicamentoso por via oral ou injetável.

Um dos primeiros estudos populacionais sobre o envelhecimento masculino revelou que cerca de 40% dos homens acima de 40 anos tinham graves problemas sexuais, que envolviam dificuldade de ereção, perda da libido ou problemas com a ejaculação (Feldman HA, Goldstein I, Hatzichristou DG, et al. Impotence and its medical and psychosocial correlates: results of the Massachusetts Male Aging Study.J Urol 1994;151:54-61).

Casos em que a resposta erétil não é satisfatória, com medicamentos, as Próteses Penianas Infláveis representam uma opção atrativa e resolutiva para o problema de “falta de ereção”.

Em comparação com as próteses semi-rígidas, as Próteses Penianas Infláveis reproduzem o estado de detumescência de maneira bastante semelhante à natural, sendo difícil perceber a presença da prótese.

Próteses Penianas

A Prótese Peniana ideal é aquela que permite uma penetração vaginal, restaurando a funcionalidade do pênis, e que apresente um aspecto cosmético satisfatório na flacidez; isto é, quando não está sendo usado.

As Próteses Penianas Infláveis representam um grande avanço na tecnologia de substituição de funções do corpo humano.

Atualmente cerca de 25.000 cirurgias por ano para colocação de Próteses Penianas Infláveis são realizadas nos Estados Unidos (Lee DJ et cols. Trends in the utilization of penile prostheses in the treatment of erectile dysfunction in the United States. J Sex Med 2015;12:1638-45). Estima-se que isto represente somente 5% dos casos que poderiam ser tratados com cirurgia. Estima-se que esta baixa estatística represente a dificuldade em se encontrar profissionais médicos habituados e capazes de fazerem a cirurgia, associada à ansiedade e incerteza que um procedimento cirúrgico acarreta para se corrigir uma disfunção.

O enorme impacto psicológico e funcional, que a Impotência Sexual impõe ao paciente e sua parceira, refletem-se numa vida incompleta e insatisfatória sobre vários pontos de vista, que se acumulam em várias dimensões.

Dificuldade do paciente em reconhecer a Prótese Peniana como elemento de ajuda ou solução do problema

A Impotência Sexual decorrente da Prostatectomia Radical afeta 60 a 100% dos pacientes operados (Schiavina R et cols. Survival, Cotinence and Potency (SCP) recovery after radical retropubic prostatectomy. A long-term combined evaluation of surgical outcomes. Eur J Surg Oncol 2014; 40: 1716–1723).

Como argumentado abaixo, a utilização de medicações orais representam a primeira linha de tratamento e profilaxia desta sequela (Schwartz EJ et cols. Sildenafil preserves intracorporeal smooth muscle after radical retropubis prostatectomy. J Urol 2004; 171: 771–774). Mas reconhece-se que a restauração da função sexual, não é plena, havendo resposta clínica em 30 a 70% dos casos (Raina R et cols. Efficacy and factors associated with successful outcome of sildenafil citrate use for erectile dysfunction after radical prostatectomy. Urology 2004; 63: 960–966).

Os casos que não tiveram uma recuperação funcional satisfatória são candidatos a outras formas tratamento para a recuperação sexual, dentre elas; a colocação de Prótese Peniana desponta como a mais eficaz, com níveis de satisfação sexuais muito elevados (~90-96%).

Numa análise retrospectiva com 356 homens que haviam sido tratados para a Disfunção Erétil, com diversas estratégias – prótese, auto-injecão ou medicação oral; o nível de melhora clínica medido pelo Escore de Sintomas de Disfunção Erétil (IIEF – International Index of Erectile Function (IIEF) foi maior para os pacientes que receberam a prótese (12.4±1.3) do que para os que receberam tratamento com medicação (6.2±1.5) ou injeção peniana de (8.4±3.2) (Megas G et al. Comparison of efficacy and satisfaction profile, between penile prosthesis implantation and oral PDE5 inhibitor tadalafil therapy, in men with nerve-sparing radical prostatectomy erectile dysfunction. BJU Int 2013;112:E169-76).

Índice Internacional de Função Erétil (IIFE)
1 – Com que freqüência você consegue uma ereção durante a atividade sexual?          
1 = Quase nunca / Nunca
2 = Poucas vezes (muito menos que a metade das vezes)
3 = Algumas vezes (aproximadamente metade das vezes)
4 = Na maioria das vezes (muito mais que a metade das vezes)
5 = Quase sempre / Sempre
 
2 – Quando você tem ereções após estímulo sexual, com que freqüência suas ereções são suficientemente rígidas para penetração?
0 = Nenhuma atividade sexual
1 = Quase nunca / Nunca
2 = Poucas vezes (muito menos que a metade das vezes)
3 = Algumas vezes (aproximadamente metade das vezes)
4 = Na maioria das vezes (muito mais que a metade das vezes)
5 = Quase sempre / Sempre
 
3 – Quando você tentou ter uma relação sexual, com que freqüência você conseguiu penetrar sua companheira?
1 = Quase nunca / Nunca
2 = Poucas vezes (muito menos que a metade das vezes)
3 = Algumas vezes (aproximadamente metade das vezes)
4 = Na maioria das vezes (muito mais que a metade das vezes)
5 = Quase sempre / Sempre
 
4 – Durante a relação sexual, com que freqüência você consegue manter a ereção depois de ter penetrado sua companheira?
0 = Não tentei ter relação sexual
1 = Quase nunca / Nunca
2 = Poucas vezes (muito menos que a metade das vezes)
3 = Algumas vezes (aproximadamente metade das vezes)
4 = Na maioria das vezes (muito mais que a metade das vezes)
5 = Quase sempre / Sempre
 
5 – Durante a relação sexual, qual seu grau de dificuldade para manter a ereção até completar a relação sexual?
0 = Não tentei ter relação sexual
1 = Extremamente difícil
2 = Muito difícil
3 = Difícil
4 = Um pouco difícil
5 = Não é difícil
 
6 – Qual seu grau de confiança de que você pode conseguir manter uma ereção?
1 = Muito baixo
2 = Baixo
3 = Moderado
4 = Alto
5 = Muito alto
 
Resultado:
Normal = 26-30
Leve = 22-25
Leve a moderada = 17-21
Moderada = 11-16
Grave = 1-10

Como mencionado, embora haja diversos estudos demonstrando o ótimo sucesso clínico e funcional das Próteses Penianas Infláveis, somente 5% dos casos optam pela colocação cirúrgica (Lee DJ et al. Trends in the utilization of penile prostheses in the treatment of erectile dysfunction in the United States. J Sex Med 2015;12:1638-45.).

Embora lamentavelmente, apenas uma parcela dos homens impotentes faça a cirurgia, identificou-se uma procura maior pelos implantes de Próteses Penianas Infláveis, naqueles mais jovens e com comorbidades, os quais a resposta erétil com medicações orais é menor ou ausente (Lee DJ et al. Trends in the utilization of penile prostheses in the treatment of erectile dysfunction in the United States. J Sex Med 2015;12:1638-45).

Num estudo com homens acima de 70 anos, acompanhados por cerca de 20 anos, 83% ainda utilizavam a prótese de maneira regular; e mostravam-se satisfeitos ou muito satisfeitos com o dispositivo (Al-Najar A et al. Should being aged over 70 years hinder penile prosthesis implantation? BJU Int 2009;104:834-7).

Impotência sexual após prostatectomia radical

Uma das demandas mais estudadas em pacientes com disfunção sexual consiste na população de casos submetidos à prostatectomia radical por Câncer de Próstata.

O numero de diagnósticos e de cirurgias aumentou dramaticamente nos últimos 40 anos, em virtude do uso do PSA, que ao mesmo tempo em que possibilitou diagnósticos mais precoces e maior certeza de cura do câncer; também gerou sequelas nos pacientes tratados (www.cancer.org/cancer/prostatecancer/detailedguide/prostatecancer-key-statistics).

Como cerca de 90% dos casos de Câncer de Próstata contemporâneos são diagnosticados pelo uso regular do PSA, estes pacientes têm sido tratados num estágio muito precoce, quando a doença ainda é assintomática, o paciente está funcionalmente pleno e a percepção de benefício da cirurgia (ou radioterapia) é pequena, restando somente à sequela da Impotência Sexual, que ocorre entre 30 a 90% dos casos (Salonia A et al. Prevention and management of postprostatectomy sexual dysfunctions. Part 1: choosing the right patient at the right time for the right surgery. Eur Urol. 2012;62 (2):261–272). A larga variação observada na sequela decorre da forma como se reporta a vida sexual do paciente; e aos fatores naturais associados a ela, como a idade.

Ingestão regular de álcool, tabagismo, hipertensão arterial e a idade, são elementos isoladamente já reconhecidos para a piora da qualidade da ereção, mas agravantes para os casos após Prostatectomia Radical (Gandaglia G et als. Penile rehabilitation after radical prostatectomy: does it work? Transl Androl Urol. 2015; 4 (2):110–123).

Estes números foram reproduzidos no estudo escandinavo com 635 casos acompanhados por 9 anos, que optaram por serem operados ou apenas “vigiados”, verificando-se que as queixas de Impotência Sexual acumularam-se ao longo dos quase 10 anos em 45% nos casos não operados, e em 80% nos casos operados (Holmberg L  et al. Results from the Scandinavian Prostate Cancer Group Trial Number 4: a randomized controlled trial of radical prostatectomy versus watchful waiting. J Natl Cancer Inst Monogr. 2012; 2012(45): 230–3).

Como apontado, os tratamentos – sejam cirúrgicos ou radioterapêuticos; podem causar lesões na rede neuronal pélvica responsável pela ereção em graus variados, mas deve-se estar atento que muitos pacientes já apresentam Disfunção Sexual, que pode variar em intensidade, antes mesmo do tratamento.

Surpreende que o tempo médio observado entre a primeira consulta em que o paciente queixa-se objetivamente de Impotência Sexual e o momento de colocação da Prótese Peniana é de 4,2 anos, observando-se um tempo longo desperdiçado entre a evidência da Disfunção Sexual e o convencimento pessoal de que a Prótese Peniana seria o melhor caminho para o tratamento efetivo.

Adicionalmente, o estudo CAPSURE revelou que somente 12% dos casos submetidos à Prostatectomia Radical retomam o padrão de vida sexual anterior à cirurgia após 12 meses de acompanhamento (Litwin MS et al.: Sexual function and bother after radical prostatectomy or radiation for prostate cancer: multivariate quality-of-life analysis from CaPSURE. Cancer of the Prostate Strategic Urologic Research Endeavor. Urology. 1999; 54(3): 503).

A detumescência prolongada no período pós-operatório resultante da neuropraxia (lesão neuronal) (User HM et al. Penile weight and cell subtype specific changes in a post-radical prostatectomy model of erectile dysfunction. J Urol. 2003; 169(3): 1175–9), agrava o processo de deposição de fibrose no tecido cavernoso de maneira irreversível, com diminuição da elasticidade dos tecidos eréteis, levando-os a um engessamento, que comprometerá a qualidade da ereção (Moskovic DJ. Emerging concepts in erectile preservation following radical prostatectomy: a guide for clinicians. Int J Impot Res. 2011; 23 (5):181–192) (Yamanaka M et al.: Loss of anti-apoptotic genes in aging rat crura. J Urol. 2002; 168(5): 2296–300).

Diante disto, todo esforço para a preservação de vitalidade do tecido cavernoso, deve começar o mais breve possível, após a Prostatectomia Radical, visto que vários trabalhos revelaram que, uma mínima forma de preservação da vitalidade do tecido é sempre melhor que nenhuma.

A utilização de inibidores de PDE-5 (sildenafil (Viagra) e seus assemelhados) podem e deve ser utilizado o mais precocemente possível com a finalidade descrita acima (Padma-Nathan H et als. Randomized, double-blind, placebo- controlled study of postoperative nightly sildenafil citrate for the prevention of erectile dysfunction after bilateral nerve-sparing radical prostatectomy. Int J Impot Res. 2008; 20:479–486) (Elliott S et als. Androgen deprivation therapy for prostate cancer:Recommendations to improve patient and partner quality of life. J SexMed 2010; 7:2996–3010).

Num estudo seminal, Montorsi avaliou 423 casos operados e demonstrou que o uso regular de inibidores (tadalafil) resgatou a função sexual nos pacientes operados, em comparação com aqueles que não usaram, revelando a importância de preservação do tecido erétil após a cirurgia de Prostatectomia Radical (Montorsi F et als. Effect of nightly versus on-demand vardenafil on recovery of erectile function in men following bilateral nerve-sparing radical prostatectomy. Eur Urol. 2008; 54:924–931).

Em estudo subsequente, o mesmo autor estudou o efeito profilático em pacientes que receberam placebo, tadalafil em dose plena ou em dose diária, constatando após 9  meses de estudos, que o encurtamento peniano e a capacidade de penetração vaginal recuperaram-se de maneira mais adequada nos que receberam o tratamento (Montorsi F et cols. Effects of tadalafil treatment on erectile function recovery following bilateral nerve-sparing radical prostatectomy: a randomised placebo-controlled study (REACTT). Eur Urol. 2014 Mar;65(3):587-96).

Embora mais inconveniente, reconhece-se que a aplicação de injeções penianas, são mais eficaz que o uso de medicações orais (Müller A et cols. Penile rehabilitation following radical prostatectomy: predicting success. J Sex Med. 2009; 6(10): 2806–12).

Ainda que haja adaptações na vida sexual do casal, a colocação de prótese peniana é uma forma muito eficaz e conveniente de se tratar a Disfunção Sexual secundária à Prostatectomia Radical.

Num estudo interessante e exclusivo, Megas et cols. estudaram a satisfação sexual em pacientes submetidos à Prostatectomia Radical e que tinham Impotência Sexual. Seis meses após a cirurgia, os pacientes foram divididos em 2 grupos; aqueles que seriam tratados com medicação oral (Tadalafil) e aqueles em que a prótese peniana foi implantada em nova cirurgia. A avaliação dos casos revelou que após 6 meses, 1 ano e 2 anos; a satisfação nas relações sexuais era maior no grupo que colocou a prótese peniana em comparação com aqueles que continuaram recebendo a medicação oral (Megas G et als. Comparison of efficacy and satisfaction profile, between penile prosthesis implantation and oral PDE5 inhibitor tadalafil therapy, in men with nerve-sparing radical prostatectomy erectile dysfunction. BJU Int. 2013;112(2):E169–E176). 

Adicionalmente a esta relevante discussão, pacientes que receberam o tratamento cirúrgico com a prótese peniana precocemente, tiveram os efeitos psicológicos negativos da interrupção de suas vidas sexuais minimizados, com evidente maior benefício para os pacientes mais jovens, que ao terem suas vidas sexuais interrompidas, reflete-se não somente sobre eles mesmos, mas muito importantemente também sobre suas parceiras (Georgios Megas et als. Comparison of efficacy and satisfaction profile, between penile prosthesis implantation and oral PDE5 inhibitor Tadalafil therapy, in men with nerve-sparing radical prostatectomy erectile dysfunction. BJU Int 112, E169–E176, 2012).

Embora muitas matérias médicas científicas recomendem a utilização de tratamentos para a Impotência Sexual de maneira escalonada; sendo a Prótese Peniana, um último passo, deve-se perguntar se a utilização deste recurso precocemente – digamos 6 meses, com sugere o estudo; não pouparia os casais de um sofrimento físico e psicológico, numa situação em que a Disfunção Erétil é quase uma certeza; viabilizando a continuidade da vida sexual, após breve período em que a recuperação sexual natural é muito improvável.

 
2 – Quando você tem ereções após estímulo sexual, com que freqüência suas ereções são suficientemente rígidas para penetração?
0 = Nenhuma atividade sexual
1 = Quase nunca / Nunca
2 = Poucas vezes (muito menos que a metade das vezes)
3 = Algumas vezes (aproximadamente metade das vezes)
4 = Na maioria das vezes (muito mais que a metade das vezes)
5 = Quase sempre / Sempre

Complicações Cirúrgicas

cerca de 40 anos já se implanta próteses penianas para o tratamento da Impotência Sexual.

Muitas modificações mecânicas e de engenharia nos modelos foram introduzidas com sucesso, e houve uma enorme redução nos índices de mal-funcionamento dos dispositivos, observando-se que hoje 87% das Próteses Penianas Infláveis ainda são funcionais de funcionalidade 5 anos após sua implantação (Levine LA, Becher E, Bella A, et al. Penile prosthesis surgery: Current recommendations from the international consultation on sexual medicine. J Sex Med 2016;13:489-518). Entretanto, devem-se distinguir falhas mecânicas das erosões que ocorrem devido ao desgaste do tecido biológico, e que igualmente demandarão revisão cirúrgica do dispositivo (Mulcahy JJ. The prevention and management of noninfectious complications of penile implants. Sex Med Rev 2015;3:203-13).

Igualmente, infecções do dispositivo reduziram-se ao longo do tempo de 1.6% para 0.28%, após a adoção de métodos que minimizam a manipulação da prótese durante a cirurgia; aliado ao aparecimento de próteses com uma camada antibiótica.

Infecções das Próteses Penianas podem aparecer a qualquer momento, mas a maioria manifesta-se após 1 ano de sua colocação. Infecções tardias pode ser o resultado de infecções em outros sítios do organismo, cujas bactérias circulantes encontram melhores condições de proliferação nas próteses penianas (Sadeghi-Nejad H. Penile prosthesis surgery: A review of prosthetic devices and associated complications. J Sex Med 2007;4:296-309). Infecções tardias, pela proliferação de biofilmes bacterianos assintomáticos, que impregnam o material sintético, também diminuíram dramaticamente, com a ampla utilização de antibióticos e dispositivos impregnados com antibióticos, de 4.6% quando não se utiliza antibióticos, para 1.6% em 11 anos de avaliação, o que equivale dizer que nos dias atuais, somente cerca de 1.5% dos casos de próteses penianas são removidas devido às infecções (Carson CC III. Efficacy  of antibiotic impregnation of inflatable penile prostheses in decreasing infection in original implants. J Urol 2004;171:1611-4) (Carson CC III et als. Long-term infection outcomes after original antibiotic impregnated inflatable penile prosthesis implants: Up to 7.7 years of followup. J Urol 2011;185:614-8) (Serefoglu EC et al. Long-term revision rate due to infection in hydrophilic-coated inflatable penile prostheses: 11-year follow-up. J Sex Med 2012;9:2182-6).

Surpreendentemente, a via peno-escrotal parece estar associada à menor chance de infecções no sítio cirúrgico, em comparação às incisões infra-púbicas, embora os estudos científicos não mostrem diferença estatisticamente significante. Hematomas ocorrem em 7% dos casos, mas muitos estão relacionados a reintrodução de anticoagulantes ou antiplaquetários, ou movimentação excessiva.

Satisfação e Função Sexual após colocação de Próteses Penianas Infláveis

As Próteses Penianas podem ser grosseiramente divididas em 2 tipos: 1- semi-rígidas e; 2- infláveis.

Embora as Próteses Penianas Infláveis apresentem riscos de falhas mecânicas ou hidráulicas, ao longo do tempo de uso, elas são atrativas por reproduzirem o efeito cosmético do pênis detumescido.

Algunsestudos debruçaram-se especificamente sobre este assunto, a fim de comparar qual tipo de prótese agradaria mais a parceira e/ou daria maior satisfação sexual ao paciente.

Num estudo com 257 casos onde 118 tiveram tratamento da impotência com Prótese Peniana Inflável (Escore de Disfunção Sexual pré-operatório = 10.1 ± 4.5), e 139 foram tratados com Prótese Peniana semi-rígida (Escore de Disfunção Sexual pré-operatório = 8.2 ± 5.5), a Prótese Peniana Inflável, mostrou melhor resultado de satisfação funcional, sem haver diferença estatisticamente significativa (Bozkurt IH et cols. Patient and partner outcome of inflatable and semi-rigid penile prosthesis in a single institution IBJU Vol. 41 (3): 535-541, May – June, 2015).

Satisfação Sexual dos pacientes tratados com Implante de Prótese Peniana

  Prótese Peniana Inflável Prótese Peniana Semi-Rígida
Escore Internacional de Impotência (IIEF) – Pré-operatório 10.1 ± 4.5 8.2 ± 5.5
Escore Internacional de Impotência (IIEF) – Pós-operatório 23.4 ± 1.5(Máximo: 25) 22.8 ± 1.8(Máximo: 25)
    p < 0.81

Demonstrou-se que alguns pacientes, passam por experiências de adaptação à presença da Prótese Peniana, por até 6 meses; mas que há elevação nos níveis da libido, encorajamento para se envolver em uma relação sexual e até mesmo uma diminuição nos níveis de tristeza, todos motivados pela segurança de que a Prótese Peniana satisfará as necessidades de rigidez e capacidade de penetração de uma vida sexual regular (Tefilli MV et al.: Assessment of psychosexual adjustment after insertion of inflatable penile prosthesis. Urology. 1998; 52(6): 1106–12).

Em outro estudo longo com mais de 105 meses de mediana de acompanhamento clínico, 80% dos casos afirmaram que o dispositivo era muito fácil de ser usado, com 91% dos pacientes relatando que a ereção era ótima, com plena capacidade de penetração, com uma satisfação geral para a vida sexual de 87% após mais de 9 anos do tratamento cirúrgico (Yoon Seob Ji et als. Long-term survival and patient satisfaction with inflatable penile prosthesis for the treatment of erectile dysfunction Korean J Urol 2015;56:461-465), revelando uma melhora geral e consistente na vida sexual dos pacientes.

Igualmente importante, a comparação entre os modelos de Próteses Penianas Infláveis não revelou diferenças entre os modelos disponíveis, mas a maneira como o estudo foi feito, permitiu também estudar e entender o nível de aceitação pelas parceiras, assim como a aceitação e a funcionalidade destes dispositivos nos homens impotentes e suas novas vidas sexuais. Neste relevante estudo, 89.9% das mulheres responderam que estavam satisfeitas ou muito satisfeitas com as relações sexuais, e 98.6% recomendariam seus parceiros a fazerem a cirurgia novamente (Otero JR et cols. Comparison of the patient and partner satisfaction with 700CX and Titan penile prostheses. Asian Journal of Andrology 19: 321–325, 2017).

Outro estudo, desta vez multicêntrico na Europa; revelou que a satisfação geral dos pacientes com a colocação da Prótese Peniana Inflável era de 92% e de para as parceiras de 96%, com obtenção de uma ereção de qualidade para a penetração em 98% das vezes (Montorsi F et al. AMS three-piece inflatable implants for erectile dysfunction: a long-term multi-institutional study in 200 con­secutive patients. Eur Urol 2000;37:50-5).

Em outro estudo, feito na Alemanha e Itália concomitantemente, com 160 casos de um total de 253 arrolados; o nível de satisfação geral dos pacientes foi de 97%, havendo 3% dos pacientes dizendo-se indiferentes após a colocação de prótese, e 0 relatando estarem arrependidos ou insatisfeitos após terem feito a cirurgia (Natali A et cols. Penile implantation in Europe: success and complicatiosn of 253 implants in Italy and Germany. J Sex Med 5(6): 1503-1512, 2008).

Não obstante, alguns perfis de pacientes reportaram que a satisfação com a colocação da prótese foi menor que a esperada ou desejada, e tornaram-se assunto de estudos. Observou-se que o nível de satisfação medido pelo Escore Internacional de Disfunção Sexual (IIEF), com pontuação máxima de 25, revelou que pacientes que se submeteram à colocação da Prótese Peniana por apresentar Doença de Peyronie e que eram muito obesos, mostraram um nível de satisfação com a cirurgia, um pouco menor do que aqueles que colocaram a Prótese Peniana por outro motivo; embora todos tivessem uma melhora muito grande na sua função sexual, após a colocação da prótese (Okin-Olugbade O et als. Determinants of patient satisfaction following penile prosthesis surgery. J Sex Med 2006;3:743–748).

Durabilidade da Prótese Peniana Inflável

Próteses Penianas Infláveis apresentam complicações per si, devido ao mecanismo hidráulico, que permite a insuflação e a ereção penianas. Estas falhas implícitas são resultado de eventual vazamento no cilindro, na bomba ou no reservatório (Ferguson KH, Cespedes RD. Prospective long-term results and quality-of-life assessment after Dura-II penile prosthesis place­ment. Urology 2003;61:437-41). Obviamente, as falhas não ocorrem em todos os pacientes, mas acumulam-se ao longo do tempo de uso da prótese e podem ser avaliadas e estudas ao longo de seu tempo de uso.

Estudos que avaliam longos períodos de utilização das próteses são difíceis de serem realizados, pois muitos pacientes não retornam com regularidade à consulta médica para avaliação periódica. Ademais, há sempre um esforço das empresas para melhorarem e aperfeiçoarem os produtos, de maneira a minimizar ao máximo este tipo de falha.

Modificações na válvula de ereção fez desaparecer as ereções involuntárias. Desde 1994, outras modificações feitas no cilindro implantado, fizeram com que a prótese peniana tivesse uma vida útil de 94% em 5 anos (Milbank AJ et al. Mechanical failure of the American Medical System Ultrex inflatable penile prosthesis: before and after 1993 structural modification. J Urol 2002; 167: 2502 – 6).

Similarmente, alguns modelos de Próteses Penianas Infláveis ganharam uma camada de antibióticos que diminuíram os índices de infecção de 1.6% para 0.7% (Carson CI. Initial success with MAS 700 series inflatable penile prosthesis with inibizone antibiotic surface treatment: a retrospective reveiw of revison cases incidence and comparative results versus non-treated devices. KJ Urol 2004: 171: 236). Num estudo mais robusto com maior número de casos, observou-se uma incidência de infecção de 1.5% em 6000 casos de implante de Próteses Penianas Infláveis impregnadas com antibiótico, contra 4.5% naqueles sem a camada de impregnação antibiótica, ao longo de 7 anos de acompanhamento médico (Mulcahy JJ, Carson CC. Long-term infection rates in diabetic patients implanted with antibiotic-impregnated versus nonimpregnated inflatable penile prostheses: 7-year outcomes. Eur Urol 2011;60:167-72).

Elementos que podem aumentar os índices de infecção cirúrgica na colocação das Próteses Penianas incluem o Diabetes Mellitus e tabagismo, sendo necessário rígido controle sobre o Diabetes, e grande esforço em interromper o cigarro – por pelo menos 4 semanas; antes de se realizar a cirurgia (Sørensen LT. Wound healing and infection in surgery. The clinical impact of smoking and smoking cessation: a systematic review and meta-analysis. Arch Surg 2012;147:373-83).

No estudo coreano com o maior período de seguimento médico analisado – 15 anos de acompanhamento dos pacientes, com média de 98 meses de acompanhamento médico; as prótese estavam funcionantes em 90% dos casos após 5 anos e em 65% após 15 anos. Neste mesmo estudo, 90.6% dos casos afirmaram que a prótese apresentava uma qualidade de erecão e consistência muito adequada para as relações sexuais (Yoon Seob Ji et als. Long-term survival and patient satisfaction with inflatable penile prosthesis for the treatment of erectile dysfunction Korean J Urol 2015;56:461-465).

Sumário dos estudos feitos com colcocão de Prótese Peniana Inflável para tratamento de Impotência Sexual

Autor Número de casos estudados Anos de avaliação do estudo Satisfação com o as relações sexuais Recomendaria a cirurgia para outra pessoa
Carlson 207 7,2 anos 87% 88%
Natali 33 5 anos 97%
Bettochi 79 2,8 anos 97% 97%
Montorsi 200 4,9 anos 98%
Garber 50 1,2 anos 98% 98%